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Certamente você já assistiu ao documentário Kony 2012 (ou pelo menos ouviu falar): a recente campanha que busca capturar Joseph Kony – chefe da Lord’s Resistance Army (LRA), movimento de guerrilha que nasceu em Uganda – acusado de cometer atrocidades contra mais de 60 mil crianças e jovens na África. O filme é uma superprodução e toda a campanha foi minimamente pensada. Todas as suas peças são brilhantes, não à toa o viral recebeu mais de 32 milhões de views em 3 dias. Quanto a isso, não temos dúvida: a ONG Invisible Children acertou em cheio no quesito comunicação. Milhares de ativistas se mobilizaram e compartilharam links da campanha nas redes sociais, mostrando um efeito de viralização incrível, o que é muito interessante de se observar a nível de comportamento e poder das ferramentas online.

Mas até que ponto isso é interessante?

Talvez Kony 2012 seja um marco na comunicação digital – pela forma como tratou seu discurso. O ativismo digital é um ponto forte, não podemos negar. Mas de ativista digitais, o meio está repleto. A questão agora é outra: quem são esses ativistas e o quão informados eles estão sobre o assunto compartilhado? Kony 2012, apesar de todo o brilho, vem recebendo uma enxurrada de críticas por diversos fatores. Uns falam em marketing pesado, outros censuram a forma como o dinheiro arrecadado é usado. Fala-se de estratégia por parte dos EUA e criticam fortemente a produção hollywoodiana do documentário. Criaram até um Tumblr para reunir todas essas críticas: visiblechildren.tumblr.com. A ONG, incomodada, publicou sua defesa com um gráfico contendo todos os gastos discriminados, o que não foi lá muito convincente.

As críticas a respeito de Kony 2012 são bem fundamentadas. Depoimentos de pessoas que moram lá, como você pode ver aqui, comentam a situação com outros olhos. Joseph Kony, ao contrário do tamanho da sua fama, parece ser o menor dos problemas da África e de Uganda. Compartilhar notícias e artigos sobre o assunto é de fundamental importância, mas devemos pesquisar bem antes de propagar a informação. O que de fato acontece a gente não sabe. Se a campanha tem o intuito de acabar com a criminalidade na África, a gente apenas pode esperar que sim. Mas como militantes virtuais, nosso papel é outro. E não começa no botão “share”.


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